PATRIMÓNIO HISTÓRICO
Divulgação (iniciativa do dia 12/11/2010)

INVENTÁRIO DO PATRIMÓNIO ARTÍSTICO – CONHECER PARA PRESERVAR
Conseguimos, finalmente inventariar o nosso património acumulado desde a nossa fundação em 1859.
A nossa Misericórdia viveu sempre da acção gratificante dos nossos benfeitores que nos doaram, entre outras coisas, dinheiro, propriedades e Obras de Arte.
O sentido de gratidão leva-nos a tornar vivas, porque conhecidas, todas estas acções de beneméritos.
No passado dia 12 de Novembro 2010, demos testemunho dessa gratidão com participação do Dr. Amaro Neves e Dr. Deniz Padeiro que já haviam colaborado no livro editado nas comemorações dos 150 Anos e Dr. Hugo Calão que, muito eficientemente, tem realizado este trabalho de inventariação.
Uma sessão que se iniciou pelas 16,30h, e em que foi dada a oportunidade de saber quem nos fez bem, quando e como, com visita ao nosso museu onde guardamos, no pólo de Águeda, as referências mais importantes.
Somos um corpo vivo com quase 152 anos de idade, que resulta da presença continuada durante este mais de século e meio, e que tem dado vida aos fins da solidariedade e cultura a que esta Santa Casa se propõe.
Cumprimenta em nome da Santa Casa da Misericórdia de Águeda,
o Provedor
PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO
A Capela da Santa Casa da Misericórdia fica situada no centro do edifício do Hospital Distrital de Águeda (Hospital-Asylo Conde de Sucena de Águeda), ocupando todo o edifício na sua altura máxima.
A 8 de Novembro de 1909, estando o edifício do Hospital totalmente concluído, procedeu-se à bênção da Capela do Hospital, tal como se lê no documento em pergaminho, existente do nosso Arquivo e aqui transcrito:
“Por cima do altar, na parede fronteira, estão dois brasões e por cima MCMVI – assinalando a data de conclusão das obras.”
"Tendo o benemérito Conde de Sucena edificado dentro do grandioso Hospital / que construiu a exscusas suas, na Vila de Águeda, desta Diocese que nós Já visita / mos e admiramos, uma mágnifica e bem dotada capella para o serviço religioso do mes / mo Hospital e para o dos mais fiéis que elle consertir que a frequentem; concedemos li- / cença para nella se celebrar e se conservar o Santíssimo Sacramento segundo as praxis do esti- / lo; e mais uma vez pedimos ao sobredito benemérito Conde que aceite o testemunho do nosso / louvor e admiração pelo bem que faz não somente à religião e à Egreja, com os seus bons senti- / mentos religiosos e inexceccivel caridade, o que Sua Santidade já condecorou com suas pri- / meiras condecorações, mas também à sociedade civil com o seu patriotismo e grandes benemeren- / cias que Sua Magestade El-Rei também tem condecorado com os primeiros trítulos: e ficamos fa- / zendo votos para que Deus conserve por muitos anos quem tão bom uso faz da sua riquesa. /
Paço Episcopal de Coimbra, 8 de Novembro de 1909
(a) Manuel Bispo Conde
(D. Manuel Correia de Bastos Pina, bispo de Coimbra)"
A Capela é constituída por nave única. O interior encontra-se decorado nas paredes com pinturas a trompe d’oïl figurando molduras em relevo com medalhões circulares nos ângulos. Tem coro-alto, continuado lateralmente por balcões suportados por consolas e guardas com balaustrada de madeira. Chão e pavimento em lambril de madeira. O tecto, em abóbada semicircular, e o sub-coro, estão igualmente decorados com pinturas a fresco, com medalhão central figurando o Anjo da Guarda e reservas concheadas figurando temas simbólicos da Paixão: à esquerda o véu de Verónica e à direita coroa de espinhos, esponja, lança, cálice, cravos e martelo.
O retábulo de madeira entalhada e dourada, está colocado axialmente na parede fundeira da nave com duas colunas ladeando nicho de camarim rematado por coroamento em frontão curvo interrompido, no qual repousam dois anjos segurando grande resplendor com cabeças de querubins alados e Agnus Dei ao centro. No trono do camarim do altar-mor está a imagem da Virgem dita Nossa Senhora das Graças em gesso policromado, de fabrico francês, possivelmente adquirida por José Rodrigues de Sucena. No sotobanco da de altar, de forma paralelepípeda com camarim de vidro, vê-se jacente em barca a imagem da Virgem dita Nossa Senhora da Boa Morte.
Encimando o retábulo, pintura na parede com as armas bipartidas do Reino e de Águeda e as do Conde de Sucena, envolvidas por ramagens.
Aos lados do altar, dois nichos com mísulas e molduras pintadas a ouro e figurando à direita, num pequeno suporte, a imagem de São José fazendo pendant com a imagem de Cristo dito Sagrado Coração de Jesus.
Nas paredes laterais da nave existem duas portas, uma de acesso a sacristia situada atrás da parede fundeira com arcaz suportando o camarim do retábulo o qual tem acesso por escada com balaustrada.
Capela da Santa Casa da Misericórdia de Águeda
Imagem da Virgem dita Nossa Senhora da Boa Morte, setecentista, em madeira policromada e estofada a ouro. Crê-se ser a primitiva imagem, outrora existente na demolida Capela do Hospital de Águeda, existente no bairro do Barril, já referida em 1721 no livro de Visitas da Paroquial de Águeda. Hoje encontra-se em maquineta setecentista oferecida por Dionísio Pinheiro
Fresco pintado no teto da capela. Anjo da Guarda dito da Misericórdia afagando duas crianças nuas.
Imagem de Nossa Senhora da Conceição, setecentista,em madeira estofada e policromada. Proveniente da primitiva Capela do Hospital existente no bairro do Barril.
Âmbito e conteúdo
A documentação deste fundo respeita, em grande parte, à estrutura orgânica de gestão financeira e patrimonial da Santa Casa da Misericórdia de Águeda.
Anterior à instituição da SCMAGD, para o século XVIII, existem alguns apontamentos sobre as espécies documentais existentes no cartório do Hospital, alguns hoje inexistentes, inclusos nas entregas de bens aos novos mordomos desde 1731, com descrição mais detalhada feita a 3 de Fevereiro de 1733, referindo-se discriminadamente:
- Um livro de Tombo velho de 1639
- Um livro das contas velho
- Um livro das eleições
- Escritura de juros de Manuel Dias e António Luís de Vila Verde de 5 de Janeiro de 1703 feita pelo escrivão Ventura da Silva Pais
- Escritura de juros de Lucas Henriques do Casaínho feita a 20 de Junho de 1715 na nota de José Moreira de Barrô
- Escritura de juros de Manuel Tomás de Recardães feita a 22 de Julho de 1728 feita na nota de Manuel Gomes
- Escritura de juros de João Tomás, de Domingos Gomes, de Cristóvão de Almeida e outros
- Escritura de juros de João Duarte de Castro e Manuel Rodrigues Ferreira
- Escritura de juros de Manuel António de Casal de Álvaro
- Um assinado de Manuel Pinheiro Henriques e os títulos das terras que deixou António Rodrigues Samico e o Capitão António de Almeida
- Fatoezins que deixou Manuel Homem da Mota
- Autos porque se concedeu fazer-se a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte e os títulos das terras que deixou Manuel Francisco
- Um livro de Tombo novo de 1715
No século XIX, em 6 de Maio de 1852, faz-se inventário mais completo pelo secretário João de Pinho, discriminando-se os seguintes:
- Um livro do Tombo dos foros e propriedades do Hospital de 1772
- Dois livros com as verbas relativas ao legado do Dr. José Patrício
- Um livro de Actas
- Tombo de 1639
- Um livro que serviu para as contas de receita e despesa e aprovação das mesmas para a extinta Provedoria da Comarca
- Um livro de receita despesa de 1671
- Tombo relativo a 1715
- Quatro títulos avulsos contendo duas sentenças e duas certidões
- Cinco maços de títulos de dívida do Hospital
- Inventário assinado pelo ex-Administrador do Concelho João de Sousa Ribeiro e pelo defunto ex-Provedor José Luís Mendes da Paz
A produção documental que constitui o fundo da Santa Casa da Misericórdia de Águeda inicia a 1533 e continua em aberto. Integra na actualidade um total de 147 unidades de instalação.
Entre as séries deste fundo, destacam-se documentos de constituição e regulamentação, estatutos e compromissos (1900-2008); documentos de gestão administrativa, actas (1887-2003) e autos de posse dos corpos gerentes eleitos (1985-2008); documentos de gestão financeira, receita despesa (1864-1994); documentos de gestão patrimonial, escrituras (1801-1959), legados e doações, inventários; processos de obra e projectos de arquitectura (1933-1994); documentos de gestão de pessoal, registo de irmãos (1864-1993), pagamentos de cotas (1984-1996) e livros de ponto (1971-1989); correspondência expedida e recebida; e documentos relativos a assistência médica e social de gestão do Hospital de Águeda (1533-1979).
Fontes informativas ou documentação associada:
“Homenagem ao Dr. António Breda”, in jornal O Jornal de Estarreja, de 27 de Abril de 1933, nº 2335.
Caldeira, Francisco, Conde da Borralha, “Hospital de Águeda – apontamentos para a sua história”, tipografia Moderna -Águeda, 1941.
Coutinho, José Maria, “Há 170 anos um provedor exemplar”, in revista Hospitais Portugueses, Fevereiro 1957, nº58, p. 21-23.
Coutinho, José Maria, “O Hospital de Águeda”, in revista Hospitais Portugueses, Outubro 1954, nº34, p. 20-32.
Coutinho, José Maria, A Santa Casa da Misericórdia de Águeda – Elementos para a sua história, comentários à situação económica actual e previsão para o futuro, Águeda, Gráfica Ideal - Águeda, 1958
Figueira, Américo Dias Barata, Os Primeiros Actos da Câmara Municipal de Águeda, in Boletim da ADERAV, n.º 1, pp. 11-16.
Graça, Serafim Gabriel Soares da; Ramos, Dinis de, Águeda antiga: antologia, Edição da Câmara Municipal de Águeda, 1988.
Ramos, Deniz de, Águeda, Anos 20: da escola primária superior à escola comercial e industrial, Edição da Câmara Municipal de Águeda, 1989.
Ramos, Deniz; Figueiredo, Amorim da Rosa; Neves, Amaro, Misericórdia de Águeda – 150 anos de História, Santa Casa da Misericórdia de Águeda, 2009.
Tavares, Pe. António Ferreira; Barbosa, Alfredo, Hospital-Asylo Conde de Sucena de Águeda, Santa Casa da Misericórdia de Águeda, 2006.
Arquivos:
ANTT, PT-TT-ID/1/36, Chancelaria de D. Afonso V – Comuns, Carta de provedor a Affonso Annes para provedor da Albergaria do lugar de Águeda, 1449-11-18, liv. 37, f.18.
AUC, Dep II-AD/D/Est 17/ Tab 5/ 367, Assembleia Distrital de Coimbra, Movimento de internados da Junta de província da beira litoral: Casa da Criança “Deuladeu Martins” de Águeda, 1953-1958.
SGMF, ACMF/Arquivo/DGJC/AVE/AGU/PRDIV/001, Autorização para admitir ao serviço do Hospital da Misericórdia de Águeda várias religiosas congreganistas, 1922-06-23 a 1928-03-03, cx. 415
PT-SCMAGD/A20/115, Livro das Visitas, obrigações e de receita e despesa do Hospital do lugar de Águeda, 1725-1827, f. 54v
COLEÇÃO DE LIVRO MÉDICO-CIRÚRGICO DO DR. ANTÓNIO BREDA
Por falecimento em 10 de Junho de 1964 o Dr. António Pereira Pinto Breda legou à Santa Casa da Misericórdia de Águeda, em testamento de 21 de Março de 1962, todos os seus livros de medicina e cirurgia, bem como todos os seus instrumentos cirúrgicos. Efectivou-se a doação em 10 de Março de 1965. Dispôs doar a sua residência de Barrô à Santa Casa da Misericórdia de Águeda, caso a sua esposa, herdeira, não lhe sobrevivesse.
Por falecimento em 4 de Agosto de 1987, D. Léa Emelin Breda, em seu testamento de 2 de Abril de 1985, fez cumprir a disposição testamentária de seu marido, o Dr. António Breda, doando à Santa Casa da Misericórdia de Águeda a casa de habitação de Barrô, de rés-do-chão e primeiro andar, pátio, currais quintal murado e mais pertenças. Embora não dispondo de objectos móveis do recheio interior, algum do remanescente do espólio da casa de Barrô não sendo levantado pelo irmão de D. Léa Breda, a quem coube o remanescente dos móveis da casa, ficou para a Misericórdia de Águeda. Deste modo, referente a este legado, existem ainda algum mobiliário de escritório e espólio fotográfico.
A colecção de livro médico-cirúrgico compreende aquisições feitas por três gerações de médicos da família Pereira Pinto de Barrô, todos ao serviço do Hospital de Águeda, discriminadamente: do Dr. António Joaquim Pereira Pinto, avô do legatário, do Dr. Mateus Pereira Pinto, seu pai, e de António Pereira Pinto Breda, com datas extremas entre 1712 e 1964.
Relação dos livros médico-cirúrgicos do legado do Dr. António Breda à Santa Casa da Misericórdia de Águeda
(em anexo)